terça-feira, 18 de junho de 2013

Novos desafios para a televisão pública na Argentina

Por Marlon Aseff

A diferença entre a tevê pública e a privada pode ser observada na maneira como o telespectador é tratado. Se na televisão comercial o receptor é transformado em objeto de consumo, um número nas pesquisas de audiência, o desafio da tevê pública é transformá-lo em um sujeito ativo, um cidadão. A avaliação é de Eva Piwowarski, ex-secretária técnica da Recam (Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul) e diretora do Programa Mercosul Audiovisual da União Europeia, que falou na tarde de ontem durante o Fórum Audiovisual Mercosul.


O evento abordou o tema “TV Pública do Mercosul na emergência das linguagens digitais”, onde foram debatidos alternativas para a democratização da programação de qualidade e os usos de novas tecnologias a serviço do grande público. De acordo com Eva, a Argentina sempre se viu, e viu a América Latina, através de um espelho distorcido. “Temos quatro ou cinco grandes redes de televisão situadas em um bairro de elite de Buenos Aires, que é Palermo, e que concentram grande parte da escala produtiva audiovisual do país, e junto com isso a construção de um discurso do que somos enquanto nação”, disse. Segundo ela, a nova lei de meios, aprovada na Argentina em 2009, pode ser considerada a mãe de todas as batalhas, porque quebra monopólios e dá início a uma nova construção de conteúdos sociais, para que o povo argentino se reconheça em sua totalidade.

Um passo adiante nesse sentido foi a criação do programa “Polos Audiovisuales Tecnologicos”, que busca fortalecer a produção nacional de conteúdos para a TV digital, promovendo a diminuição das assimetrias entre as regiões do país. “Temos que saber fazer televisão, e para isso buscamos capacitar as universidades regionais, formar cooperativas de produtores e desenvolver sistemas produtivos”, ensina Eva Piwowarski. O novo direcionamento governamental para os meios de comunicação estatais e públicos na Argentina, segundo ela, busca um conteúdo próprio, com protagonismo popular e um discurso descentralizado. “Nos acostumamos a ver a nação e a América Latina a partir de um espelho distorcido por hollywood, e depois por um espelho das televisões comerciais. Agora chegou a hora de nos conhecermos melhor”, avaliou.  

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