Por Marlon Aseff
A diferença entre a
tevê pública e a privada pode ser observada na maneira como o telespectador é
tratado. Se na televisão comercial o receptor é transformado em objeto de
consumo, um número nas pesquisas de audiência, o desafio da tevê pública é
transformá-lo em um sujeito ativo, um cidadão. A avaliação é de Eva Piwowarski,
ex-secretária técnica da Recam (Reunião Especializada de Autoridades
Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul) e diretora do Programa Mercosul
Audiovisual da União Europeia, que falou na tarde de ontem durante o Fórum Audiovisual Mercosul.
O evento abordou o tema
“TV Pública do Mercosul na emergência das linguagens digitais”, onde foram
debatidos alternativas para a democratização da programação de qualidade e os
usos de novas tecnologias a serviço do grande público. De acordo com Eva, a
Argentina sempre se viu, e viu a América Latina, através de um espelho
distorcido. “Temos quatro ou cinco grandes redes de televisão situadas em um
bairro de elite de Buenos Aires, que é Palermo, e que concentram grande parte
da escala produtiva audiovisual do país, e junto com isso a construção de um
discurso do que somos enquanto nação”, disse. Segundo ela, a nova lei de meios,
aprovada na Argentina em 2009, pode ser considerada a mãe de todas as batalhas,
porque quebra monopólios e dá início a uma nova construção de conteúdos
sociais, para que o povo argentino se reconheça em sua totalidade.
Um passo adiante nesse
sentido foi a criação do programa “Polos Audiovisuales Tecnologicos”, que busca
fortalecer a produção nacional de conteúdos para a TV digital, promovendo a
diminuição das assimetrias entre as regiões do país. “Temos que saber fazer
televisão, e para isso buscamos capacitar as universidades regionais, formar
cooperativas de produtores e desenvolver sistemas produtivos”, ensina Eva
Piwowarski. O novo direcionamento governamental para os meios de comunicação
estatais e públicos na Argentina, segundo ela, busca um conteúdo próprio, com
protagonismo popular e um discurso descentralizado. “Nos acostumamos a ver a
nação e a América Latina a partir de um espelho distorcido por hollywood, e
depois por um espelho das televisões comerciais. Agora chegou a hora de nos
conhecermos melhor”, avaliou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário