terça-feira, 11 de junho de 2013

DOSSIÊ JANGO REABRE DISCUSSÃO SOBRE A MORTE DE JOÃO GOULART


“Dossiê Jango”, documentário de Paulo Henrique Fontenelle que reaviva a discussão sobre o suposto assassinato do ex-presidente brasileiro João Goulart, em 1976, é um dos filmes concorrentes da mostra DOC-FAM no 17° Florianópolis Audiovisual Mercosul - FAM 2013. Vencedor do prêmio de melhor documentário pelo júri popular nas últimas edições do Festival do Rio e da Mostra Tiradentes, o filme concorre no 11th Brazilian Film Festival of New York, de 12 a 16 de junho, e estreia nos cinemas em 5 de julho. Fontenelle estará na exibição no FAM, no sábado, dia 15/06, às 16h30, no Auditório da Reitoria da UFSC.

Produzido pelo Canal Brasil, em coprodução com o Instituto João Goulart, “Dossiê Jango” é um filme imperdível, que investiga esse que é um dos mais controversos fatos políticos da história recente do país. O ex-presidente, deposto pelo Golpe Militar de 1964, oficialmente teria morrido de infarto durante seu exílio político em 6 de dezembro de 1976, na Argentina, quando planejava voltar ao Brasil.

A hipótese de assassinato, durante o governo Geisel, é levantada desde a ditadura, no entanto nunca foi investigada seriamente, tarefa que Fontenelle realiza de forma contundente no documentário. Em forma de thriller de suspense, o filme revela documentos do serviço de inteligência do Uruguai, do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e apresenta novos elementos e testemunhas-chave para reabrir a discussão e cobrar do governo brasileiro uma posição clara.

O documentário reforça a certeza de que a morte de Jango não foi esclarecida, assim como ocorreu com as mortes suspeitas de dois líderes de uma frente ampla contra a ditadura, Juscelino Kubitscheck e Carlos Lacerda, na mesma época, num intervalo de poucos meses.

Em três anos de filmagens e pesquisa, a equipe do filme entrevistou o filho, João Vicente Goulart, e a viúva de Jango, e, entre outros, os cineastas Cacá Diegues, Zelito Vianna e Luiz Carlos Barreto, o poeta Ferreira Gullar, os políticos Leonel Brizola e Miguel Arraes, o escritor Carlos Heitor Cony e o jornalista Geneton Moraes Neto. A equipe também esteve na Argentina e no Uruguai, onde Jango viveu com a família em exílio. Lá, teve acesso a documentos da polícia uruguaia nunca revelados no Brasil.

A história acerca da morte de Jango reúne outras mortes inexplicáveis, entre elas a do médico legista que fez o seu laudo e de Enrique Foch Diaz, empresário uruguaio e amigo do ex-presidente, que em seu livro “João Goulart: El Crimen Perfecto”, afirmava que Jango teria sido assassinado. A produção do filme teve acesso a uma gravação inédita, em fita cassete, na qual o uruguaio listava uma série de outras mortes correlacionadas à do ex-presidente brasileiro. Foch morreu, em circunstâncias suspeitas, semanas depois de fazer a gravação.

VERSÃO DE BARREIRO
“Dossiê Jango” surgiu a partir do projeto idealizado por Roberto Farias, um filme de ficção que está em fase de pré-produção. Em paralelo, Farias e Paulo Mendonça decidiram realizar também um documentário e chamaram Fontenelle para dirigir. O ponto de partida dos dois filmes foi a versão de Mario Neira Barreiro, ex-agente do serviço de inteligência do Uruguai, preso no Rio Grande do Sul desde 2003. Ele também afirma que João Goulart foi assassinado pela polícia brasileira, com a colaboração dos uruguaios, em um complô do qual diz ter feito parte, um plano chamado de “Operação Escorpião”.

Barreiro deu sua versão em 2008 numa entrevista para a TV Senado e, logo depois, para o jornal Folha de S. Paulo, e afirmou que o delegado do Dops de São Paulo, Sérgio Fleury, deu a ordem para a execução de Jango, com autorização do então presidente Ernesto Geisel. Ouvido pela equipe de Dossiê Jango durante três dias, Barreiro contou em detalhes como o grupo colocou comprimidos com uma substância química letal entre os remédios de uso regular do ex-presidente, para provocar um infarto fulminante.

O diretor Paulo Henrique Fontenelle dirigiu e produziu o curta “Mauro Shampoo” (2006), que ganhou mais de 20 prêmios de melhor filme. Seu primeiro longa, “Loki” (2008), sobre o músico Arnaldo Baptista, dos Mutantes, esteve no FAM 2009, e recebeu 10 prêmios de melhor filme no Brasil, em Nova York, Toronto e Miami e ficou quatro meses em cartaz no Brasil. Atualmente o diretor trabalha num documentário sobre Cássia Eller.

Trailer:
canalbrasil.globo.com/programas/cinejornal/videos/2617512.html

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