Carlos Reichenbach foi o grande homenageado do FAM 2011. Foto: divulgação. |
O cineasta teve parada cardíaca na última quinta-feira(14) e morreu a caminho do hospital. Reichenbach fez filmes como Garotas do ABC, Filme Demência, Alma Corsária, e foi forte representante do movimento Boca do Lixo, em SP – corrente que apoiava a criação audiovisual autoral na rua e com câmera na mão. Nascido em Porto Alegre, Carlos mudou-se para São Paulo onde logo filmou seu primeiro curta, Esta Rua tão Augusta. Defensor de uma responsabilidade cultural dos artistas mais do que da garantia dos direitos autorais, o cineasta teme pelo futuro do cinema brasileiro. “Me assusta a submissão dos produtores ao dinheiro.”
Carlos Reichenbach foi o diretor homenageado do FAM 2011. Segue entrevista feita com ele ano passado.
Pergunta – Que perspectivas o senhor vê para o cinema brasileiro?
Carlos Reichenbach – É complicado. Vivemos uma dicotomia muito grande. Por um lado, nossa estratégia de financiamento está totalmente equivocada. Como incentivar a cultura com recursos do empresariado? Esse papel cabe ao Estado. As leis de incentivo, do jeito que estão, só beneficiam projetos que não são artísticos. As empresas aproveitam a isenção fiscal para divulgar a marca. Mas o que é isso? Isso não é arte.
Carlos Reichenbach – É complicado. Vivemos uma dicotomia muito grande. Por um lado, nossa estratégia de financiamento está totalmente equivocada. Como incentivar a cultura com recursos do empresariado? Esse papel cabe ao Estado. As leis de incentivo, do jeito que estão, só beneficiam projetos que não são artísticos. As empresas aproveitam a isenção fiscal para divulgar a marca. Mas o que é isso? Isso não é arte.
Pergunta – Que alternativas poderiam ser feitas para mudar essa realidade?
Reichenbach – Nosso cinema hoje é subproduto da televisão. Isso me assusta porque produtores independentes servem como testa-de-ferro das majors americanas ou de grandes emissoras no Brasil. Por outro lado há uma produção digital muito grande, pessoas fazendo vídeos independentes na internet. Mas são nichos que não atingem o grande público. O problema é que não existe produção intermediária entre esses dois opostos.
Reichenbach – Nosso cinema hoje é subproduto da televisão. Isso me assusta porque produtores independentes servem como testa-de-ferro das majors americanas ou de grandes emissoras no Brasil. Por outro lado há uma produção digital muito grande, pessoas fazendo vídeos independentes na internet. Mas são nichos que não atingem o grande público. O problema é que não existe produção intermediária entre esses dois opostos.
Pergunta – Sua relação com o FAM é antiga já que o senhor esteve presente no ano em que o festival surgiu. Que memórias o senhor traz do festival?
Reichenbach – É, eu estive no FAM quando exibiram o filme Dois Córregos. Era em outra sala, pequena, mas foi uma sessão bem bonita. Ali já virei fã do FAM. Esse festival é um dos únicos em que se tem a possibilidade de um intercâmbio de filmes latino-americanos. E isso é fantástico.
Reichenbach – É, eu estive no FAM quando exibiram o filme Dois Córregos. Era em outra sala, pequena, mas foi uma sessão bem bonita. Ali já virei fã do FAM. Esse festival é um dos únicos em que se tem a possibilidade de um intercâmbio de filmes latino-americanos. E isso é fantástico.
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