domingo, 19 de setembro de 2010

Carta de Porto Alegre

Carta de Porto Alegre


8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual

O Congresso Brasileiro de Cinema, com a participação de 380 representantes de 64 entidades dos diversos segmentos das cadeias produtiva e criativa do cinema e do audiovisual dos 27 estados, reunido em sua oitava edição de 12 a 15 de Setembro de 2010, na cidade de Porto Alegre, tendo como objetivo avaliar e refletir sobre a implementação das políticas propostas no III CBC, ocorrido nesta cidade em 2000 e os desafios que se apresentam na atualidade, através das resoluções aprovadas manifesta:

Reiteramos a fidelidade aos princípios expressos na Convenção Internacional sobre a diversidade cultural da UNESCO e a crença no potencial da criatividade do nosso povo como importantes instrumentos para desenvolvimento cultural e afirmação da nação brasileira.

Reconhecemos os avanços já conquistados nesta última década nas políticas públicas do audiovisual, mas queremos mais. Queremos o cinema e o audiovisual como atividade plenamente sustentável, inovadora, consistente cultural e economicamente e acessível a toda população brasileira.

A revolução tecnológica na era da convergência digital constitui, sem dúvida, o maior avanço da humanidade nos últimos séculos. Tão grandes ou maiores que a velocidade das transformações são os desafios a serem enfrentados, com paradigmas que apontem também para a profunda transformação do homem. Precisamos ousar. Precisamos sonhar e agir sem medo de transformar o sonho em realidade. É preciso, sobretudo, unir a sociedade para as grandes transformações necessárias em todas as áreas do conhecimento humano. É longo o caminho a ser percorrido, muito já foi feito, muito mais há por fazer.

É preciso não só desonerar a carga tributária sobre os insumos e serviços do audiovisual, como também ampliar os recursos e os instrumentos próprios de financiamento da atividade. E, antes de tudo, é preciso desburocratizar e aperfeiçoar o processo de aprovação e avaliação dos projetos culturais tendo em conta o pacto federativo e a diversidade cultural, dentro de um pensamento sistêmico que aponte um projeto amplo de desenvolvimento sustentável do audiovisual.

Entendemos que a nova lei de incentivo à cultura em tramitação e também propostas como vale cultura, pontos de cultura, salas de exibição e bibliotecas apontam para a democratização da ação cultural e da economia criativa. Não obstante, alertamos que tais iniciativas poderão perder-se se não houver regulamentação das atividades, dentro do marco da Convenção da diversidade Cultural da UNESCO. Além dessa salvaguarda, necessário é, também, ter mecanismos nacionais de distribuição e exibição e políticas que favoreçam a inserção da produção do cinema e do audiovisual no mercado nacional e internacional. Apontamos a urgência na implementação de fundos setoriais regionais de fomento ao audiovisual, dentro de um ambiente de co-produções e intercâmbios.

Nós queremos que o cinema nacional seja realmente expressão da diversidade e da universalidade da nossa cultura, herdeira de povos originários e transplantados que aqui se amalgamaram. Queremos o cinema e o audiovisual brasileiro em todas as salas e em todas as janelas de exibição. Todos os municípios brasileiros devem ter salas de cinema multiusos e o nosso conteúdo deve estar em todos os circuitos de televisão, aberta, paga e em todas as plataformas existentes, notadamente no cinturão de banda larga que interligará todos os municípios brasileiros, bem como nas universidades e nas escolas. Para isso reivindicaremos a digitalização de acervos audiovisuais e sua acessibilidade ao público, através de filmotecas virtuais, com portais federais e estaduais.

Sabemos que a ampliação da demanda acarreta em novos desafios para os produtores. É preciso uma política consistente de formação de quadros para o audiovisual envolvendo desde a formação de técnicos ao fomento de pesquisas e cursos técnicos, com publicações especializadas que acompanhem o desenvolvimento do setor.

Não se constrói o futuro sem conhecimento e valoração da história. O esforço pela preservação deve ser responsabilidade de todos os envolvidos. Nós queremos não a guarda estática da produção, mas a memória viva, servindo para a formação da juventude, disponível nas grades de programação televisiva e nos centros de formação. E aqui enfatizamos nosso apoio a maior profusão de emissoras públicas de TV educativa, visíveis em todas as plataformas, reconhecendo a importância de TV regional com janelas de intercâmbio, transmitindo para todo o país.

Reconhecemos o esforço na condução da formulação de uma nova lei de direito autoral e demos nossa contribuição apontando as especificidades do audiovisual. Cabe-nos agora a responsabilidade de acompanhar a tramitação do novo projeto de lei com vistas a preservar os direitos dos autores do audiovisual. E, como complemento desse esforço, decidimos apoiar a institucionalização de uma associação de gestão coletiva dos direitos autorais do audiovisual.

Aos nossos futuros governantes e representantes nos legislativos estaduais e federais que serão eleitos, recomendamos a imediata aprovação de projetos de lei e propostas fundamentais ao avanço e fortalecimento do audiovisual e da cultura brasileira, tais como: o PLS 116, PLs 6722 (PROCULTURA), PL6835 (Plano Nacional de Cultura), PL 5798 (VALE CULTURA), as PECs 416 (SISTEMA NACIONAL DE CULTURA), PEC 49 (CULTURA COMO DIREITO SOCIAL) e PEC 324 (AMPLIAÇÃO DOS RECURSOS DESTINADOS A CULTURA PELA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS). Solicitamos ainda mudanças na Lei 8.666, adequando-a à natureza das atividades artísticas e culturais, a regulamentação do Capítulo 5 e do Artigo 221, da Constituição Federal, a renovação da PL 102 – artigo 1º do Audiovisual e, finalmente, a prorrogação pela ANCINE, até após a eleição presidencial, da Consulta Pública sobre a IN22.

Finalmente anunciamos que, neste oitavo Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual, o futuro bateu à porta e nós a abrimos.

Viva o cinema e o audiovisual brasileiro.

Porto Alegre, 15 de setembro de 2010


Moções do 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual

Porto Alegre, de 12 a 15 de setembro de 2010


Reconhecendo o esforço e espírito democrático demonstrados pelo Ministério da Cultura na condução da formulação de uma nova lei de direito autoral, o CBC - Congresso Brasileiro de Cinema e os participantes do 8º CBC - Congresso Brasileiro de Cinema e do Audiovisual aprovam esta Moção de Apoio à proposta apresenta pelo MinC, que entendemos como necessária e modernizadora, no sentido de garantir e preservar o direito dos autores e dos mecanismos de acessibilidade também necessários à garantia dos direitos do público. Decidem, ainda, apoiar a institucionalização de uma associação de gestão coletiva dos direitos autorais dos vários segmentos que compõem a cadeia produtiva do audiovisual.

Moção de apoio à imediata criação de um agente financeiro próprio do Audiovisual Brasileiro para gerir os recursos, financiamentos e fundos públicos de toda a cadeia produtiva

Moção de apoio ao fortalecimento do Conselho Superior do Cinema como formulador das políticas cinematográficas para execução pela Ancine, nos termos da Lei.

Moção de apoio ao aumento urgente do orçamento da SAV para a realização das propostas apresentadas durante o 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual.

Moção de apoio e congratulação com as novas ações criativas de distribuição de filmes brasileiros, a exemplo do programa “Vá ao Cinema” instituído pela secretaria estadual de cultura de São Paulo, que vem multiplicando o acesso da população aos filmes brasileiros, estimulando os distribuidores e exibidores a programar os nossos filmes, remunerando produtores e diretores com a renda líquida resultante das exibições.

Moção de apoio às TVs Públicas na transição do Sistema Analógico de TV para o Digital.

Moção de apoio à flexibilização das taxas para exibição de filmes independentes latino-americanos no Brasil, estimulando a exibição de filmes desses países no Brasil mediante a contrapartida da exibição de filmes brasileiros naqueles países nas mesmas condições.

Moção de apoio ao tratamento diferenciado e incentivo a produtores, realizadores e empresas do audiovisual que atuem no fortalecimento do patrimônio cultural imaterial brasileiro, leia-se ritos, festejos e saberes populares cultivados pela oralidade do povo, integrando o MINC-SAV ao Programa Nacional do Patrimônio Imaterial PNPI.

Moção de Apoio ao programa de comercialização de curtas-metragens em todas as telas.

Moção de Apoio ao fortalecimento e ampliação do programa Cine+Cultura.

Moção de apoio à abertura da Cinemateca Capitólio do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Moção de agradecimento e congratulações à Fundacine pelo apoio e organização do 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual.

Moção de agradecimento ao Ministério da Cultura e Secretaria do Audiovisual, Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Prefeitura Municipal de Porto Alegre pelo apoio para a realização do 8º Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Texto sobre Tela VII













Porta a Porta
Marcelo Brennand | Pernambuco | 01:20:00 | Documentário

Sinopse: Durante três meses, uma equipe de filmagem mergulhou no cenário pouco explorado de uma eleição no interior do Nordeste e registrou os bastidores de uma prática política que movimenta paixões, mas ao mesmo tempo tornou-se um meio de sobrevivência para muitas comunidades.

O documentário Porta a Porta a política em dois tempos, nasceu do argumento de registrar os bastidores campanha eleitoral no interior do Nordeste, cenário este pouco explorado pela mídia nacional mas que, ao mesmo tempo, retratasse a política nacional.

Durante o período de 3 meses, as comunidades passam a orbitar em torno das estruturas partidárias sem ideologia ou plataforma política, tornando a prática política um meio de sobrevivência.

Marcelo Brennand
diretor de "Porta a Porta"

Quando: 16 de junho, às 14h
Onde: Centro de Cultura e Eventos - UFSC

Longa da noite - Quarta-Feira

Texto sobre Tela VI












Ilusiones Ópticas
Cristián Jiménez | Chile | 01:35:00 | Ficção

Sinopse: O que possuem em comum um vigia de shopping apaixonado por uma elegante ladra, um dedicado funcionário transferido para um local afastado, um esquiador cego que recupera a visão mas se atemoriza com a realidade que observa? Pois, duas coisas: o inverno de Valdivia... e Manuela.


Mi primer trabajo en Cine fue en "Ilusiones Ópticas" con el director Cristian Jiménez. Pasar del lenguaje del teatro al cine siempre es un desafío, pues en el teatro, la proyección es mucho mas abierto y en el cine, todo se concentra, el manejo de los gestos, de la kinetica de la voz es clave. En Ilusiones ópticas esto es muy importante, ya que es una película de puros planos fijos, en donde el actor debe entrar en el cuadro, la conciencia de estar dentro de este, cuidando de no caer en que vea hacia afuera un actor preocupado de estar en ese cuadro. Para esto fue clave la mano del director, la forma de dejar claro que era lo que quería de cada actor en la escena, los gestos son mínimos y a pesar de que estamos en una comedia, "Ilusiones Ópticas" es una peícula donde no hay sonrisas, el humor se constituye por las situaciones y eso la hace una película muy interesante.

Personalmente tengo un afecto muy especial por esta película, ya que además de ser la primera que hice, me hizo comprender que el actor en el cine se convierte en una herramienta más, el ego que caracteriza a los actores se debe dejar en casa, pues uno esta al servicio de la cámara, del cuadro y del montaje, entre otras, creo que cómo actriz mi labor es entregarme lo más honestamente a mi trabajo en el rol, buscar la particularidad y mostrar un trozo de vida. Esta es una película en donde se relatan experiencias de seres humanos comunes y corrientes, vidas que podemos encontrar en cualquier lugar del mundo, lo bello de la película es la universalidad de los personajes, podemos encontrarnos con ellos en cualquier lugar, lo interesante es que lo que vemos en la película es algo único en las vidas de los personajes, es como decir "Un día, o un período especial en la vida de los personajes"

Paola Lattus Ramos
atriz de "Ilusiones Ópticas"

Quando: 16 de junho, 21h
Onde: Auditório do Centro de Eventos - UFSC

Longa da noite - Terça-feira

Produtora gaúcha tem três filmes no FAM


Três filmes da produtora gaúcha Okna foram selecionados para esta 14º edição do FAM.

O curta-metragem Enciclopédia, dirigido Bruno Gularte Barreto, foi exibido nesta terça na Mostra Competitiva Infanto-Juvenil e está percorrendo diversos festivais.

Outro curta, Um Animal Menor, com direção de Pedro Harres e Marcos Contreras, finalizado no final de 2009, participou hoje da Mostra Competitiva de Vídeos Mercosul. O filme está estreando no FAM.

E o documentário Walachai, dirigido por Rejane Zilles, uma co-produção entre a Okna Produções e a Zilles Produções, está na programação desta quarta na Mostra Extra-FAM, não-competitiva. Walachai é sobre uma comunidade rural no Rio Grande do Sul que vive isolada e se comunica num antigo dialeto alemão.

A produtora Graziela Ferst está acompanhando as exibições.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Texto sobre Tela V












Tamboro
Sergio Bernardes | Rio de Janeiro | 01:40:00 | Documentário

Sinopse: Tamboro aborda as principais questões sociais e ambientais do Brasil. O desmatamento da floresta amazônica, a luta pelas terras no campo, a favelização e a criminalidade nos grandes centros urbanos são projetados formando um panorama quase muralista de nossa civilização. O filme percorre todo o Brasil, revelando imagens surpreendentes.



Tamboro na língua dos índios Igaricó quer dizer “de todos para todos” posição tomada por Sergio Bernardes, autor do documentário do mesmo nome, significando escolha pela inclusão, pela participação e pelo respeito quase sagrado à natureza, flora e fauna, e à gente simples e forte do Brasil.
O projeto do filme trata de documentar o Brasil do presente com a visão contemporânea de seu autor, com um sentimento patriótico sem ufanismo. Bernardes conhece o Brasil brasileiro que amorosamente se abre aos olhos dos novos e eternos viajantes. Em solo brasileiro, em viagem frenética por nosso território gigante, com os olhos límpidos de preconceitos, sem comprometimento com partidos ou ideologias, são de seus olhos que emanam as imagens extasiantes do Brasil, a um tempo bestial e belo. Sergio compartilha essa visão do Brasil com o espectador e, extraordinariamente, opina.
Organiza as imagens em mosaicos, introduzidos cada qual pelas sínteses dos pensadores utópicos a quem o eterno viajante recorre para compartilhar seu entendimento com todo o público, o povo brasileiro. O amor ao poder e o poder do amor; a grandeza finita da Amazônia; a ganância privilegiada dos poucos e a luta produtiva dos muitos; o ritmo do crescimento e tensão originada na cultura tradicional; a volta à nossa infância livre como um país redescoberto no olhar dos indígenas. Dentro de cada mosaico se vêem os dois lados da moeda, cara do poder ou coroa do amor, e assim, gente e sistema, conservação e destruição, moradia desumana e vasto horizonte de nossas águas, montanhas e vales.
Não fosse suficiente, o autor de Tamboro intervém em quadros emblemáticos, verdadeiras instalações de arte contemporânea, para explicar as próprias imagens, e as palavras. Dialoga com Helio Oiticica, Antonio Manuel, Arthur Omar. Seus quadros, por assim dizer, demonstram que a destruição do habitat natural representa para os animais e os habitantes a derrubada de sua casa, como as favelas representam o descaso do banquete dos poderosos. A fama do seu Jorge esquecida na vala comum dos preconceitos, o banquete dos ricos que ignoram a miséria.
Os viajantes embarcam finalmente de volta do Brasil e, deixam para todos sem exceção, o jogo da escolha que decidirá o nosso futuro, síntese das contradições de nosso presente.
Nanci Valadares
(cientista política)

domingo, 13 de junho de 2010

Visita


Uma visita especial apareceu no workshop de direção de fotografia, câmera e iluminação do professor Pedro Lazzarini, neste domingo, dia 13, no FAM 2010.
O boneco Pastor Putman, da Turma do Papum, fez um teste de câmera para saber se fica bem na imagem HD. “Ele já fez TV, mas queria saber como sua imagem ficaria com a nova tecnologia”, disse Marcia Pagani, a multiartista da Turma do Papum, ao lado de Sergio Taltaldi.

Pastor Putman fez o teste, mas na verdade como dublê de outro boneco, um jornalista ainda sem nome, também feito de látex, que será o personagem de um documentário que Marcia e Sergio vão rodar com a tecnologia HD, em Praga, Leste Europeu.
Interessados em saber mais sobre essa história, acesse o www.turmadopapum.com.br.

Viajando pelos festivais

A produtora e roteirista do curta-metragem Elton e a Bailarina, vencedor do concurso Inspire-se Olympikus.mov em 2009, Marjory Corrêa, ganhou viagens a 10 festivais pelo Brasil até 2011. O FAM é o terceiro que ela percorre divulgando o filme e o concurso, que teve inscritos de todo o país.

Com três minutos de duração e dirigido por Diógenes de Moraes, é uma história de esporte e amor, com o montanhista Elton Fagundes e sua namorada Aline, bailarina e também escaladora. O filme foi gravado no Itacolomi, montanha na Grande Porto Alegre e um campo-escola de escaladas, e foi inscrito na Mostra Internacional de Filmes de Montanha. O curta pode ser visto no blog que Marjory fez para relatar as viagens, http://meuolympikusviajante.tumblr.com/

Júri Popular

Os filmes que obtiveram votação mais elevada do júri popular da noite de sábado foram:

Mostra de Vídeo:

- Direita é a mão que você escreve
- Os batedores

Mostra de Curtas 35mm:

- Formigas
- Beijos de Arame Farpado


Os quatro filmes com votação mais alta serão sempre reprisados no dia seguinte, no DAC, às 12h15.

Texto sobre Tela V












Fútbol Violencia S.A.
Pablo Tesoriere | Argentina | 01:44:00 | Documentário


Sinopse: Tentar compreender a origem e o presente da violência no futebol argentino é difícil, mas não impossível. Este documentário busca, através do frenesi e das vítimas que o espetáculo futebolístico gera na Argentina, algumas respostas.


Fazer Fútbol Violencia S.A. foi um trabalho árduo de investigação. O mais complicado foi conseguir que gente vinculada com o tema quisesse falar. O futebol é um negócio e pouco se quer reconhecer que existe violência. Foi um trabalho árduo para que o filme seja sério, prolixo e que possa gerar consciência no espectador.
Procuro com o filme demonstrar o que todos sabemos mas que poucos aceitam falar.


Pablo Tesoriere

diretor de "Fútbol Violencia S.A."

sexta-feira, 11 de junho de 2010

FAM

Florianópolis
Festival
Fórum

- eis a Festa do cinema!


Começa hoje.

Texto sobre Tela IV












Tamboro
Sergio Bernardes | Rio de Janeiro | 01:40:00 | Documentário

Sinopse: Tamboro aborda as principais questões sociais e ambientais do Brasil. O desmatamento da floresta amazônica, a luta pelas terras no campo, a favelização e a criminalidade nos grandes centros urbanos são projetados formando um panorama quase muralista de nossa civilização. O filme percorre todo o Brasil, revelando imagens surpreendentes.



Tamboro, que na língua do povo ingaricó quer dizer para todos sem exceção, foi um filme realizado ao longo de 15 anos. Foram milhares de quilómetros rodados por nosso país, seja de avião, lombo de mula, canoa, helicóptero.

Durante todo este percurso, nenhum esparadrapo foi utilizado!!! Todos saímos ilesos desta aventura maravilhosa, apesar de vivermos momentos tensos como o cabo de alta tensão que o helicóptero partiu nos Aparados da Serra, a tensão de termos filmado no Complexo do Alemão cenas reais poucas semanas antes do assassinato de Tim Lopes, quando subimos o Monte Roraima uma semana depois de um grave acidente com helicóptero que ocorreu por lá ou as cenas da maior apreensão de mogno já realizada pelo IBAMA... Enfim, filmamos várias cenas tensas que revelaram atrocidades e deslumbramentos que acontecem em nosso país.

Mas o que importa é que finalizamos esta obra, inédita, uma declaração de amor ao nosso país que seu diretor, Sergio Bernardes, terminou pouco antes de nos deixar. Eu, como produtora e companheira de Sergio, me orgulho muito de poder mostrá-lo para vocês, este Brasil tão bestial e belo.

Rosa Bernardes
produtora de "Tamboro"

Quando: 13 de junho, às 14h
Onde: Auditório da Reitoria - UFSC

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Texto sobre Tela III












Walachai
Rejane Zilles | Rio Grande do Sul / Rio de Janeiro | 01:24:00 | Documentário

Sinopse: Walachai em alemão antigo significa lugar longínquo, perdido no tempo. Outros povoados de nomes singulares como Jamerthal, Batatenthal, Padre Eterno e Frankenthal são comunidades rurais de origem alemã no Sul do Brasil, que têm uma dinâmica própria e ainda vivem distantes do mundo globalizado.


Os pequenos povoados retratados no documentário Walachai são lugares com uma cultura própria, preservando até hoje uma paisagem, uma arquitetura e um idioma que lentamente começam a ser modificados pelas novas gerações de descendentes. Na minha opinião, com o passar de mais alguns anos, este modo de vida se transformará. As novas gerações conhecerão os avanços do mundo moderno e provavelmente não queiram continuar o duro trabalho da roça - que hoje já se apresenta como uma alternativa de sobrevivência bem difícil. Acho que o filme representa um valioso registro de uma cultura e de uma memória que tenderá a ser esquecida. E foi realizado no momento certo, onde tudo ainda está vivo.

Rejane Zilles
Roteirista e diretora

Quando: 16 de junho, às 13h30
Onde: Auditório da Reitoria - UFSC

quarta-feira, 9 de junho de 2010



La Moneda

Pedro Dantas | São Paulo | 00:52:43 | Documentário

Sinopse: Documentário sobre a extração de recursos minerais no Chile. Reflete sobre episódios como a Guerra do Pacífico (Séc. XIX) e o período da Unidade Popular de Salvador Allende (que nacionalizou a extração de cobre no país). Hoje, o projeto da canadense Barrick Gold choca ambientalistas ao propor remover um glacial andino para extrair ouro.


Quando: 13 de junho, às 14h
Onde: Auditório da Reitoria

Fútbol Violencia S. A.




Fútbol Violencia S.A

Pablo Tesoriere | Argentina | 01:44:00 | Documentário

Sinopse: Tentar compreender a origem e o presente da violência no futebol argentino é difícil, mas não impossível. Este documentário busca, através do frenesi e das vítimas que o espetáculo futebolístico gera na Argentina, algumas respostas.

Quando: 12 de junho, às 14h
Onde: Auditório da Reitoria - UFSC

O Ébrio



O ébrio

Gilda de Abreu | Rio de Janeiro | 02:00:00 | Ficção

Sinopse: Um médico de prestígio e bem posto na vida se perde por amor de uma mulher - a própria esposa -, que o trai com outro homem e o abandona.


Curiosidades

- A diretora Gilda de Abreu era esposa de Vicente Celestino.

- Em 1946 o Jornal do Brasil noticiou: "Uma multidão de fãs foi aos cinemas para a estréia de O Ébrio, filme de Gilda de Abreu, protagonizado por seu marido, Vicente Celestino, que conta a história de um homem abandonado pela mulher que busca consolo nas garrafas. Grande parte do sucesso do filme pode ser explicada pela música homônima, gravada por Celestino em 1937."

- Foi um dos filmes mais populares do Brasil, ficando duas décadas em cartaz e tambem o filme brasileiro do qual mais cópias se tiraram. À época do lançamento deu um banho de bilheteria em Farrapo Humano, de Billy Wilder e como protagonista Ray Milland, filme que gerava constantes comparações por tratar do mesmo tema.

- Estima-se que, somente nos seus primeiros quatro anos, foi visto por 4 milhões de espectadores em um país que acabara de chegar a 50 milhões de habitantes.

- Em 2002 o filme foi exibido em Paris, no Festival do Cinema Brasileiro, que lotou o L’Arlequin, na Rive Gauche. Na volta a única cópia do recém-restaurado, do clássico do Cinema Brasileiro, foi retida na Alfândega do Rio, no Departamento de Importação (GDIMP), apesar de toda a documentação de exportação estar correta.


Quando: 12 de junho
Onde: Centro de Cultura e Eventos - UFSC

Meu Amigo Cláudia



Meu Amigo Claudia

Dácio Pinheiro | São Paulo | 01:27:00 | Documentário

Sinopse: Documentário sobre a ativista/atriz/cantora travesti Claudia Wonder, grande agitadora cultural da cidade de São Paulo. Através de depoimentos e material de época acompanhamos a trajetória de Claudia e, em paralelo, a história do país nos últimos 30 anos.

Quando: 17 de junho
Onde: Auditório Reitoria - UFSC

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mostra traz antologia inédita de curtas de escola cubana


Oscuros rinocerontes enjaulados, muy a la moda

Uma seleção de 12 dos melhores curtas-metragens produzidos nos últimos 23 anos da famosa Escuela Internacional de Cine y Televisión de San António de Los Baños, Cuba, será exibida na Mostra Outros Olhares: Antologia EICTV durante o FAM2010. Pepi Gonçalves, coordenadora da cátedra de produção da escola, estará presente para apresentar os filmes. Criada em 1986, a escola tem como fundadores e padrinhos personalidades como Gabriel Garcia Marquez, Francis Ford Coppola e Robert Redford.
A seleção dessa mostra foi realizada em 2009, sob coordenação da suíça Christa Saredi, responsável pelos festivais internacionais da EICTV. Uma equipe de críticos, cineastas e professores deu uma pontuação a quase 2 mil filmes, segundo seu valor artístico, originalidade e qualidade. No FAM estarão os primeiros colocados nessa seleção, filmes premiados diversas vezes em mostras e festivais cubanos e internacionais.
A mostra é inédita no Brasil, e foi apresentada somente no Centro Cultural da Espanha, em Montevidéu, Uruguai, em fevereiro deste ano. Predominam filmes cubanos e há duas produções dirigidas por brasileiros. O número 1 na classificação, o cubano Oscuros rinocerontes enjaulados, muy a la moda, ficção dirigida por Cremata Juan Carlos, é um filme em preto e branco locado numa repartição burocrática, num clima surreal, com o detalhe de que foi pintado a mão diretamente sobre a perlícula.

Lista dos filmes
Oscuros rinocerontes enjaulados, muy a la moda, de Cremata Juan Carlos, Ficção, 18´, 1990, Cuba
La maldita circunstancia, de Eduardo Eimil Mederos, Ficção, 11´, 2002, Cuba
Barrio Belén, de Marité Ugás, Documentário, 16´, 1988, Cuba
Model town, de Laimir Fano Villaescusa, Documentário, 15´, 2006, Cuba
El año del cerdo, de Claudia Calderón Pacheco, Ficção, 10´, 2007, Porto Rico-Cuba
La Cura, de Rodrigo Alves de Melo, Ficção, 4´, 2007, Brasil-Cuba
Al otro lado del mar, de Ortega Patricia, Ficção, 12´, 2005, Venezuela-Cuba
Oda a la piña, de Laimir Fano Villaescusa, Ficção, 10´, 2008, Cuba
Los que se quedaron, de Benito Zambrano Tejera, Documentário, 26´, 1993, Espanha
Filiberto, de Amanda García Saldaña, Ficção, 10´, 2008, México-Cuba
La Chirola, de Diego Mondaca Gutierrez, 26´, Documentário, 2008, Bolívia-Cuba
El invasor marciano: 36 años después, de Wolney Oliveira, Documentário, 1988, 24´, Brasil.

Renato Tapajós




Novo filme de Renato Tapajós no FAM2010

O rosto no espelho


Renato Tapajós | São Paulo | 00:56:00 | Documentário


Sinopse: Um documentário que investiga a relação entre os movimentos culturais de hoje e a transformação social, revelando um Brasil profundo e multicultural, geralmente ignorado pela mídia e preconceituosamente esquecido pela cultura dominante.


Quando: 16 de junho
Onde: Centro de Cultura e Eventos - UFSC

No meio do rio, entre as árvores - Jorge Bodanzky


Quando: 14 de junho
Onde: Centro de Cultura e Eventos - UFSC

FAM em ritmo de estreia

Festival e fórum começam nesta sexta-feira em Florianópolis

As atenções se voltam para o cinema em Florianópolis, a partir desta sexta, com o 14º Florianópolis Audiovisual Mercosul - FAM2010, pela segunda vez sediado no Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina. O evento, de 11 a 18 de junho, é uma realização da Associação Cultural Panvision, com patrocínio da Petrobras, por meio da Lei Rouanet, e do Funcultural do governo do Estado de Santa Catarina, e apoio do Fundo Nacional de Cultura, Secretaria do Audiovisual, Ministério da Cultura, BRDE, Estúdios Mega, Estúdios Quanta, Kodak e Canal Brasil. São apoiadores institucionais as universidades UFSC e UDESC, e a Prefeitura de Florianópolis/Fundação Franklin Cascaes.

Há 14 anos consecutivos o FAM oferece ao público catarinense uma extensa programação de cinema com entrada franca e se consagrou como uma referência no debate das políticas do setor, discutidas no Fórum Audiovisual Mercosul. Este ano, além das mostras competitivas e do Extra-FAM, não-competitiva, serão exibidas quatro mostras convidadas e haverá uma série de eventos paralelos.

O principal destaque do festival, a Mostra de Longas Mercosul exibirá oito longa-metragens. As sessões serão sempre às 21 horas no Auditório Garapuvu, o palco principal, com 1.400 lugares. A mostra abre o FAM, dia 11, com a exibição de Cabeça a Prêmio, que marca a estreia do ator Marco Ricca na direção. Outras duas produções nacionais serão exibidas: Hotel Atlântico, de Susana Amaral, que teve cenas rodadas em Florianópolis, e Muamba, do catarinense Chico Faganello, vencedor do edital da Cinemateca Catarinense – Fundação Catarinense de Cultura em 2007. Dos outros cinco longa-metragens, três são argentinos: La mosca en la ceniza, de Gabriela David; La invención de la carne, de Santiago Loza; e Mentiras piadosas, de Diego Sabanés. Completam a lista o longa chileno Ilusiones ópticas, de Cristián Jiménez, e o uruguaio Mal dia para pescar, de Álvaro Brechner.

Este ano serão prestadas três homenagens especiais, aos 80 anos da produtora brasileira Cinédia, com a presença de Alice Gonzaga, diretora da companhia, a Esdras Rubim, criador do Festival de Gramado e primeiro presidente do Fórum dos Festivais, e ao Funcine, o Fundo Municipal de Cinema de Florianópolis, que receberá o Prêmio Gerlach de Reconhecimento ao Audiovisual Catarinense, oferecido pela Cinemateca Catarinense.

O FAM sedia mais uma vez o lançamento do Edital Catarinense de Cinema, edição 2009/2010, da Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte e Fundação Catarinense de Cultura, no dia 17, às 20h45.

Ao todo, o festival exibe mais de 140 produções brasileiras, de 12 estados e Distrito Federal e da Argentina, Chile, Paraguai, Colômbia, Uruguai, Cuba e Espanha. São 182 horas de exibição. Esta edição teve o maior número de inscritos da história do FAM, 551 filmes, de 14 países.

Nas mostras competitivas, serão exibidas 28 produções na Mostra de Curtas Mercosul 35 mm, 36 na Mostra de Vídeos, 21 na Mostra Infanto-juvenil, e 16 na Extra-FAM, não-competitiva.

Além do Auditório Garapuvu, haverá sessões no auditório da Reitoria e Teatro da UFSC (DAC/Igrejinha).


Mostras convidadas

Mostra Outros Olhares: Antologia EICTV

A Mostra Outros Olhares: Antologia EICTV, inédita no Brasil, será outro grande destaque desta edição. Trata-se de uma seleção de 12 dos melhores curtas-metragens produzidos nos últimos 23 anos da famosa Escuela Internacional de Cine y Televisión de San António de Los Baños, de Cuba. Pepi Gonçalvez, coordenadora da cátedra de produção da escola, estará presente para apresentar os filmes.

Mostra Universitária

Para prestigiar as produções de escolas de cinema catarinenses, a Mostra Universitária vai apresentar filmes produzidos por alunos de cinema de Santa Catarina.

Cinédia 80 Anos

Uma das primeiras produtoras cinematográficas do país e pioneira na industrialização do setor, a Cinédia completa oito décadas de fundação este ano. Para celebrar a trajetória deste patrimônio do cinema e da cultura brasileira, o FAM2010 realiza a Mostra Comemorativa Cinédia 80 anos, que vai exibir três dentre os maiores sucessos de bilheteria da Cinédia e do cinema brasileiro, O Ébrio, O Samba da Vida e 24 Horas de Sonho, com cópias restauradas e recuperadas pela produtora.

CINEFoot

E como o FAM ocorre junto com a Copa do Mundo, haverá uma Mostra Paralela sobre Futebol, o CINEFoot, com quatro curtas relacionados com o mundo do futebol.

Fórum Audiovisual Mercosul

Uma outra característica do FAM desde sua primeira edição, o Fórum Audiovisual Mercosul abrirá diversos espaços de debates de caráter político, econômico e cultural. O Seminário de Cinema e Televisão do Mercosul, de 12 a 17 de junho, sempre às 15 horas e com transmissão ao vivo pela internet, terá seis painéis, com a presença de representantes do setor público e da cadeia produtiva do audiovisual.

O Fórum já consolidou seu espaço na agenda do audiovisual latino-americano. Foi fundamental para a criação do Fórum de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais dos Países do Mercosul, Bolívia e Chile, que reúne as autoridades responsáveis pela política cinematográfica na região. No Fórum também surgiu a iniciativa de criação da Recam, a Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul.

Também dentro das atividades do Fórum está o I Encontro de Film Commissions da América Latina, realizado no Hotel Maria do Mar, no Saco Grande, de 10 a 13 de junho. Reunirá comissões de representantes de instituições públicas e privadas responsáveis pela criação de normas e procedimentos referentes à produção audiovisual. Para o encontro estão confirmadas participações de representantes do México, Panamá, Peru, Colômbia, Chile, Argentina e Uruguai, além de representantes das Film Commissions brasileiras, da Filmbrazil (Divisão internacional da APRO que reúne produtoras de publicidade focadas no Mercado Internacional), do Cinema do Brasil (Divisão Internacional do SIAESP que reúne produtoras de Cinema com foco no Mercado Internacional de produção), da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e da Divisão de Promoção do Audiovisual do Ministério das Relações Exteriores.

Nas atividades Extra-Fórum, haverá o Pré-Congresso Catarinense de Cinema, promovido pela Cinemateca Catarinense, a Reunião das Entidades de Audiovisual do Sul do Brasil e o Pré-Congresso Brasileiro de Cinema.

Eventos paralelos

Na programação haverá também lançamento de livros e revistas do setor audiovisual. O Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB) lança uma edição especial da revista Cadernos de Pesquisa, importante periódico de divulgação da pesquisa cinematográfica brasileira, editado a partir dos anos 80. Myrna Brandão, presidente do CPCB e Carlos Augusto Brandão, diretor da instituição, estarão presentes no lançamento, sábado, dia 12, às 17h30, na Sala Aroeira, no Centro de Eventos.

O Centro Técnico do Audiovisual (CTAV), da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura lança o número 50 da Revista Filme Cultura, referência de leitura sobre cinema no Brasil, que circulou durante 22 anos. O evento será no domingo, dia 13, às 18 horas, no Centro de Cultura e Eventos, com a participação de representantes do CTAV.


A pesquisadora Alessandra Meleiro, que participa de um dos painéis do Fórum e coordena o Centro de Análise do Cinema e do Audiovisual (CENA), lança no dia 14, às 18 horas, três livros da coleção Indústria Cinematográfica e Audiovisual Brasileira, organizada por ela, com os títulos Cinema e Políticas de Estado: da Embrafilme a Ancine, Cinema e Economia Política e Cinema e Mercado.

Cursos e oficinas

Como nos anos anteriores, o FAM oferece espaços gratuitos de formação e troca com profissionais renomados do audiovisual. Serão oferecidos dois cursos, um de Direção de Fotografia, Câmera e Iluminação Cinematográfica com Pedro Pablo Lazzarini e uma oficina sobre a técnica de animação Flip Book, com Marão, da Marão Filmes, presidente da Associação Brasileira de Cinema de Animação.

Música

E para animar o hall do Centro de Eventos da UFSC, o FAM em parceria com a ONG Arte Movimenta selecionou grupos catarinenses de música, em estilos como chorinho, MPB e música erudita, que se apresentarão às 18h30 e 20h30, nos intervalos das mostras.

texto sobre tela II












Gustavo Beck, Leonardo Luiz Ferreira | Rio de Janeiro | 01:01:00 | Documentário

Sinopse: Um vídeo de entrevista com a diretora belga Chantal Akerman, em que ela reflete a respeito da vida, do cinema e de sua obra.

Evaldo Mocarzel | São Paulo | 01:11:00 | Documentário

Sinopse: "Quebradeiras" é um documentário etno-poético que focaliza as tradições seculares, as estratégias de sobrevivência e a rica cultura das quebradeiras de coco de babaçu da região do Bico do Papagaio, onde os estados do Maranhão, Tocantins e Pará se encontram.


Chantal Akerman, de cá e Quebradeiras, embora a princípio obras completamente diferentes, possuem um ponto em comum: são dois filmes sobre o encontro com o outro. No caso do primeiro, com a própria realizadora belga. No segundo, com as quebradeiras de coco de babaçu da região do Bico do Papagaio. Como em muitos documentários, trata-se da busca de um realizador para entender aquele outro que o fascina. No caso destes filmes, entretanto, não se trata de um mero encontro registrado, mas a construção da imagem desse encontro busca em si mesma dizer algo sobre o retratado. Em Chantal Akerman, de cá, temos no enquadramento rígido e fixo a emulação da própria linguagem da realizadora retrata, enquanto em Quebradeiras o trabalho com a fotografia e, principalmente, o som, buscou levar ao espectador a sensação que se tem ao se viver aquele cotidiano cíclico e ritmado.

Em termos de produção, os filmes se aproximam por se tratarem de produções completamente independentes, o primeiro feito sem orçamento algum, o segundo com um orçamento de curta-metragem. Precisou-se com isso buscar alternativas criativas para se driblar a falta de recursos mas creio que, em ambos, isso se deu sem prejudicar o resultado final. Pelo contrário, essas escolhas acabaram por se firmar como a grande força desses documentários.

Leonardo Mecchi
produtor de "Chantal Akerman, de cá" e "Quebradeiras"

"Chantal Akerman, de cá"
Quando: 14 de junho, às 14h
Onde: Centro de Cultura e Eventos - UFSC

"Quebradeiras" (exibição em 35mm)
Quando: 18 de junho, às 17h
Onde: Centro de Cultura e Eventos - UFSC

segunda-feira, 7 de junho de 2010

texto sobre tela I



Versificando
Pedro Caldas | São Paulo | 00:54:00 | Documentário

Sinopse: Todas as grandes culturas orais do mundo desenvolveram formas de improvisação poética. No Brasil, das muitas influências étnicas e culturais, isso só poderia ser fonte de uma diversidade sem paralelo.


Versificando é fruto de uma ideia coletiva da 13 Produções, produtora paulistana ligada à música e à cidade de São Paulo desde sua origem. Em um Samba aqui, num baile black ali, andando pelas ruas do centro da cidade ouvindo cantadores repentistas e emboladores, e toda a pluralidade de gêneros musicais que chegam a nossos ouvidos, resolvemos reuni-los em um documentário com foco no verso improvisado na música.

Durante a pesquisa e pré-produção para o filme fomos a muitos lugares, conhecemos muitas pessoas, cantadores, apologistas, acadêmicos e cada um nos apresentava outro, e outro... assim conhecemos também o Cururu, repente paulista, e fomos ao interior de SP... O Documentário revela e apresenta alguns destes muitos cantadores que divertem e entretêm plateias com seus versos de improviso.


Pedro Caldas
diretor de "Versificando"

Quando: 15 de junho, às 13h30
Onde: Auditório da Reitoria - UFSC

sábado, 5 de junho de 2010

Chico Faganello fala sobre a estreia de Muamba


Segundo longa-metragem do diretor catarinense Chico Faganello, Muamba vai fazer a sua estreia no Brasil no FAM 2010. Vencedor do Prêmio Edital Cinemateca de Santa Catarina em 2007, o filme foi exibido pela primeira vez no Festival Cine Las Americas, em Austin, no Texas, no final de abril passado.

A exibição no Florianópolis Audiovisual Mercosul acontecerá no sábado, dia 12 de junho, às 21h, na segunda noite do festival. Dizendo-se contente e tranquilo diante da expectativa de estrear diante do público catarinense, Faganello afirma que os espectadores vão identificar uma espécie de código genético no filme.
"A cultura local, a música do Sul, as pessoas e os seus sotaques, tudo isso está no filme. Espero que o público veja além de uma cobrança banal de resultados", diz o diretor sobre o longa que inicialmente iria se chamar Querido Pai e cujo roteiro, escrito por Faganello e Fábio Brüggemann, foi sofrendo alterações à medida que o projeto evoluía.
"Mas os temas aos quais o filme se propunha não mudaram. Eu queria falar sobre uma certa relação entre pai e filho, com suas ambiguidades, seus vazios, sua solidão", afirma Chico.
Para concluir o longa-metragem dentro do que o prêmio disponibilizava (em torno de 400 mil dólares), Faganello diz que adequou roteiro, equipe e planejamento à lógica do mercado.
"Tomei o cuidado de concluir o filme com esse valor. É possível se você estiver decidido a fazê-lo", afirma o diretor.
Faganello diz que elaborou uma estratégia de distribuição que prevê a presença do filme em todas as janelas possíveis num período que vai de sua estreia até daqui a um ano. E essas janelas, para Chico, são o cinema, a tevê, a tevê a cabo, DVD, Blu-ray, video on demand e, também, a internet.
"Faço isso desde o meu primeiro filme, Voo solitário, de 1990, que foi distribuído maciçamente em VHS", diz Chico.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

14º FAM 2010

Durante uma semana, a imersão no mar de filmes que submerge a ilha.


- rafaelmotamiranda

Tem mais de uma Mostra no meio do caminho

Os jornais do dia 15 de março de 1930 anunciavam pela primeira vez: Uma nova empresa - Produções CINÉDIA. Adhemar Gonzaga produzirá vários filmes no Cinearte Estúdio. Ainda nesse ano, falando a Osvaldo Ribeiro, de A Ordem, disse: A minha empresa foi fundada para edificar o verdadeiro cinema brasileiro. Ela foi lançada exclusivamente com o nosso esforço e nossos capitais. Vamos mostrar que podemos criar uma arte nossa, nova e legítima, capaz de transformar o sorriso dos pessimistas num grito de entusiasmo.

A Cinédia, uma das primeiras companhias de cinema do Brasil, com 700 curtas e médias-metragens e 56 longas, acaba de festejar 80 anos e o FAM não podia deixar de se associar à festa, exibindo três filmes e recebendo a pesquisadora, autora de livros sobre cinema e empresária Alice Gonzaga, filha de Adhemar Gonzaga, o idealizador da produtora que marcou o início da industrialização do cinema brasileiro e se dedicou a produzir, sobretudo, os dramas populares e comédias musicais que ficariam conhecidos por chanchadas.

Entre os filmes que o FAM exibirá, teremos a oportunidade de ver ou rever em cópia restaurada o clássico O Ébrio, de 1946, dirigido por Gilda de Abreu e contando com Vicente Celestino no principal papel. Considerado um marco fundamental na evolução do cinema brasileiro, O Ébrio foi o maior sucesso de público da produtora e um dos grandes sucessos populares do cinema nacional, do qual se tiraram mais de 500 cópias.

40 anos depois do nascimento da Cinédia, outra produtora incontornável surgia. Criada por Julio Bressane e Rogério Sganzerla, a Belair realizou sete filmes de longa metragem entre fevereiro e maio de 1970. Mesmo tendo vida curtíssma, ousou marcar a história do cinema brasileiro devido ao uso de uma liberdade sem rédeas aplicada em subverter o convencionalismo dos filmes da época, amordaçados pela ditadura militar. O ponto de partida de nossos filmes deve ser a instabilidade do cinema – como também da nossa sociedade, da nossa estética, dos nossos amores e do nosso sono, afirmava Sganzerla.

Belair é um documentário dirigido por Bruno Safadi – assistente de Júlio Bressane em alguns de seus longas mais recentes e diretor de “Meu nome é Dindi”, exibido no 12º FAM2008 – e Noa Bressane, filha de Júlio. É um justo resgate da memória de algo que a censura interditou e uma afirmação da crença na potência do gesto criador aplicado às imagens em movimento. A transgressão, a rachadura que é a Belair ainda não foi examinada devidamente. Os filmes não chegaram ao público. Continuam numa cortina de silêncio. A Belair é uma lufada de ar novo na atmosfera anestesiada e vacilante do cinema brasileiro, considera Julio Bressane.

Sobre cinema - fazê-lo e pensá-lo - é também o documentário de outra dupla, desta vez Gustavo Beck e Leonardo Luz Ferreira, sobre a diretora e artista belga Chantal Akerman, que vem há mais de quatro décadas construindo uma cinematografia muito peculiar, segundo J. Hoberman comparável em força e originalidade com Godard ou Fassbinder. Chantal Akerman, de cá é uma entrevista sem cortes onde a diretora reflete sobre a sua própria obra, métodos de trabalho, influências e desafios.

Três atrizes brasileiras decidem tentar a sorte em Bollywood, indústria cinematográfica da Índia. Mas, uma vez inseridas no coração da cultura e mitologia indiana, seus sonhos se modificam no contraste entre o oriente e o ocidente, o ancestral e o novo, entre os valores individuais e os coletivos: eis Bollywood Dream - O Sonho Bollywodiano, da diretora paulista Beatriz Seigner. É o seu primeiro longa de ficção e é também a primeira co-produção cinematográfica entre Brasil e Índia.

Para haver contraste tem de haver plural. Para sabermos quem somos, não cansaremos de bater Porta a Porta, premiado na categoria longa digital do Cine PE. Marcelo Brennand, que estará em Florianópolis para a projeção, retrata os bastidores de uma eleição para prefeito no interior do Nordeste.

Para sabermos quem somos, iremos olhar o Rosto no Espelho, onde Renato Tapajós investiga pontos de cultura indígena, afro-brasileira e comunidades carentes para descobrir a importância dos movimentos culturais para a transformação social.

Para sabermos quem somos, vamos No meio do rio, entre as árvores com Jorge Bodanzky, num documentário sobre populações que vivem no Alto Rio Solimões, no Amazonas, realizado, em parte, por elas próprias, com a ajuda da produção do filme.

Para sabermos quem somos, começaremos no sul, com Walachai, que retrata comunidades rurais de origem alemã no Sul do Brasil, que têm uma dinâmica própria e ainda vivem distantes do mundo globalizado, e seguimos caminho para norte: Quebradeiras é um documentário etno-poético sobre as mulheres que quebram coco de babaçu na Amazônia brasileira. Dirigido pelo jornalista e cineasta carioca Evaldo Mocarzel e com produção de Leonardo Mecchi, que produz também Chantal Akerman, de cá, foi premiado nos Encontros de Cinemas da América Latina, em Toulouse, no sul da França.

De sul a norte, por dentro e pela beirada, para sabermos quem somos levantaremos voo com Tamboro, que na língua do povo ingaricó quer dizer "para todos sem exceção". Revelando imagens surpreendentes, o filme percorre todo o Brasil, numa sucessão prodigiosa de planos de uma riqueza visual e sonora raras vezes alcançada. O filme, saído do gênio do recém-falecido Sérgio Bernardes, aborda as principais questões sociais e ambientais do Brasil. Como escreveu Rosa Bernardes, que além de produtora do filme era casada com o diretor, para Sergio Bernardes, a questão não é nem ecológica nem sociológica, mas civilizatória. A dificuldade de pensar o Brasil é não se perder entre uma natureza sagrada e uma sociedade mutante. Temos que estar à altura tanto da sociedade como da natureza brasileiras, saber olhá-las no que elas têm de singular. As imagens do Monte Roraima e dos Lençóis Maranhenses provocam uma estupefação diante do sublime. Palavras não bastam. Como lidar com estes templos de pureza sem tomá-los como meros colírios ecológicos? Como pode um país possuir intocadas estas matrizes originais de um mundo pré-diluviano junto com as mais graves deformações urbanas e sociais? Para além da relevância temática e da profunda atualidade da obra, a forma como Sergio faz cinema rompe as fronteiras da linguagem documental, tradicionalmente assentada em uma ordem do pedagógico-histórica. Em Tamboro, a história do país é contada com uma intensidade independente da narrativa, do envolvimento com a trama*.

Para sabermos quem somos, vamos escutar a plasticidade da nossa fala no documentário de Pedro Caldas, que foi também incluído na programação da 33ª edição do Festival des Films du Monde, de Montreal. Existem repentistas analfabetos que fazem versos que doem até no coração do criminoso, garante o repentista João Quindingues em Versificando. Caldas entrevistou MCs (Thaíde, Kamau, Crioulo Doido), sambistas (Carlão do Peruche, Maurílio e Robson Capela), cururueiros (Dito Carrara, Cido Garoto, Abel Bueno), repentistas (João Quindingues, Sebastião Marinho, Luzivan) e emboladores (Caju e Castanha, Peneira e Sonhador). Como se afirma na sinopse do filme, todas as grandes culturas orais do mundo desenvolveram formas de improvisação poética. No Brasil, das muitas influências étnicas e culturais, isso só poderia ser fonte de uma diversidade sem paralelo.

Se o eu existe em função do outro, é fundamental que saibamos quem é o outro. Para o sabermos e, sabendo-o, sabermos quem somos, vamos ouvir La Voz Mapuche, que luta para manter sua identidade como povo cuja espiritualidade está diretamente vinculada à Natureza e deter a investida das multinacionais, que contaminam seu território ancestral nos dois lados da Cordilheira.

Quando dois terços da produção de minérios do Chile está nas mãos de multinacionais que não pagam impostos no país e o projeto da mineradora canadense Barrick Gold choca ambientalistas ao propor remover glaciais andinos para extrair ouro da mina de Pascua Lama*, La Moneda instiga inquietações acerca da soberania latino-americana e a importância da conservação do meio ambiente, refletindo sobre episódios como a Guerra do Pacífico (Séc. XIX) e o período da Unidade Popular de Salvador Allende, que nacionalizou a extração de cobre no país.

[...]

Ainda na temática dos movimentos sociais, será exibido Tobias 700 (Prestes Maia) - A história de uma ocupação, onde Daniel A. Rubio seguiu por 15 meses o dia-a-dia das pessoas que ocuparam o prédio da Rua Brigadeiro, também em São Paulo, e que 6 anos depois o documentarista reencontra.

Salvo quando estar à margem significa ser pobre, o mais provável é ser minoria. O ser outro e os últimos 30 anos do país num documentário sobre Cláudia Wonder, ativista/atriz/cantora travesti, grande agitadora cultural da cidade de São Paulo. Como nos diz Zé Celso em Meu Amigo Cláudia, Claudia Wonder foi, não, Claudia Wonder é a história dessa cidade…

Do ícone do underground e comunidade LGBTT brasileira para o rei dos desportos de massas, Fútbol Violência S.A. tenta compreender a origem e o presente da violência no futebol argentino, entrevistando profissionais de distintas áreas ligadas ao futebol e pensadores como Eduardo Galeano.

E já que estamos em época de Copa, destaque para a Mostra CINEfoot, que alia a magia do futebol à emoção do cinema. A mostra começa no Sábado com Ernesto no país do futebol (em ano de Copa do mundo, o que poderia ser pior para um garoto argentino do que morar no Brasil?) e Loucos de futebol, um documentário que pretende provar que o futebol é muito mais do que vinte e dois machos correndo atrás de uma bola. O CINEfoot termina na Segunda, exibindo um filme sobre o jogador e cabeleireiro que ficou famoso por jogar no pior time do mundo, Mauro Shampoo, e Geral, uma oportunidade de acompanhar os torcedores conhecidos como Geraldinos em um espetáculo de êxtase, fúria, alegria e dor.

Os cubanos participaram somente de uma Copa do Mundo, em 1938, de má memória para o Brasil, que na semifinal perdeu para a Itália, que viria a consagrar-se campeã mundial. Cuba ficou novamente de fora nesta Copa, mas não fica de fora no FAM da Copa. A Mostra da Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Bãnos (EICTV) traz-nos uma seleção dos 12 melhores curtas-metragens produzidos nos últimos 23 anos na escola criada em 1986, que teve como fundadores e padrinhos personalidades como Gabriel García Márquez, Francis Ford Coppola e Robert Redford. Para acompanhar na Quarta e na Quinta.

Vamos assim poder confirmar se os estudantes da EICTV-Cuba aprenderam a lição. E como por aqui o final do semestre se avizinha, poderemos verificar se também os alunos do curso de Cinema da UFSC e da UniSul estudaram a matéria, porque a Mostra Universitária irá exibir alguns dos seus melhores trabalhos.

São estes alguns dos caminhos que se cruzam e que de 11 a 18 vão todos dar ao FAM.



por rafaelmotamiranda